A carta que eu nunca te escrevi.

Tornamo-nos como desconhecidas há sensivelmente 4 meses, e por detrás destes 4 meses de silêncio, tinhamos 6 anos de amizade. Se me dissessem há uns tempos atras que hoje não ias estar comigo, eu ia gritar, espernear, e chamar maluca à pessoa que dissesse isso. Porque tu eras tudo para mim. Nunca tinha conhecido alguém que encaixasse tão bem comigo, e ainda é para mim dificil acreditar que te perdi pelo caminho, quando sempre pensei que se havia alguém capaz de ficar para sempre, esse alguém eras tu. Tu não imaginas as vezes que ainda penso em ti. Não imaginas quantas vezes abro a lista telefónica do telemovel, páro no teu numero, e penso ' mando mensagem, ou não mando? ' . Não imaginas quantas vezes o meu telemovel toca, e no mais ínfimo do meu coração eu espero que sejas tu a ligar-me, que admitas os teus erros, e que me digas que queres que eu te ajude. Mas não. Nunca mais foste tu a querer ligar, a querer saber, a querer estar comigo, e apesar de tudo o que eu sentia por ti, não me sinto na obrigação de ter de ser eu a lutar por ti, quando tu é que agiste mal, e ainda por cima me viraste as costas.

Tu não sabes como é que eu me sinto. Nem tu, nem ninguem. Porque tu sempre soubeste a verdade do que se passava na minha vida. Sempre partilhei tudo contigo, e tu comigo. Diz-me a que ponto tiveste de chegar para começares a contar-me mentiras? O que se passou pela tua cabeça para me dizeres que ias à faculdade quando não punhas lá os pés? O que se passou contigo para inventares que tinhas montes de amigos lá, que ias a montes de festas, quando isso tudo era mentira, e tu estavas era em casa a ver televisão no máximo dos máximos. Imaginas como é que eu me senti quando descobri que todas as histórias que contavas eram inventadas? Imaginas o que senti quando soube que todas as pessoas que dizias conhecer, não existiam? Para que inventares amigos novos para pareceres mais social, se tinhas pelo menos 5 que nunca te iam deixar, e que gostavam de ti tal e qual como tu eras.

Tu não fazes ideia da desilusão, e do sofrimento que me causaste quando soube que chegaste ao ridiculo de gravar o teu proprio numero de telemovel, e mandares mensagens a ti propria como se fosses outra pessoa, para poderes mostrar-nos e assim tentares que a tua história fosse mais credivel. Não imaginas nada disto, porque eu nunca na minha vida, te faria uma coisa destas. Nunca. E se não estivesses a gostar de estar na faculdade, se não estivesses a aguentar com aquela pressão, se não conhecesses lá ninguem, se ninguém te convidasse para festas, nem te tivesse pedido o numero de telemovel uma unica vez, tu sabes que eu nunca te ia criticar, nem julgar por isso. Foda-se, tu conhecias-me! Sabes que eu ia estar ao teu lado, ia apoiar-te. Mas agora mentires-me? A mim? Isso foi a pior coisa que fizeste. Pior que isso, foi eu confrontar-te com todas estas mentiras, foi eu abrir-te o meu coração, dizer-te que por mais que as coisas estivessem a ser dificeis para ti, se me deixasses ajudar-te, eu ia ficar ao teu lado. Eu abracei-te, porra. Abracei-te e disse-te que nunca te ia deixar. Porque essa nunca foi a minha vontade, disso podes ter a certeza. Porque mesmo depois de descobrir que me mentiste meses a fio sobre uma vida que não tinhas, eu ia lembrar-me dos momentos bons que passámos juntas, e ia ter forças para continuar a apoiar-te se tu quisesses admitir que estás com problemas graves. Mas tu nem isso foste capaz de fazer. Disseste que sim, mas as tuas atitudes não encaixaram com as tuas palavras. E posso admitir que começei a não fazer tantos esforços para estar contigo, mas merda, poe-te no meu lugar, tu foste a minha maior desilusão. Eu confiei em ti, e tu traiste a minha amizade. Não achas que era na altura de seres tu a lutar um bocado por mim? Não achas que aquilo que tinhamos juntas valia a pena tentar manter? O pior é que eu morro de saudades tuas. E ás vezes quando criticam as tuas atitudes, eu ainda tenho vontade de levantar a voz, e de te defender, mas no fundo eles têm todo o direito a criticar-te, porque também gostavam de ti, e tu mentias-lhes a eles também. Tenho tantas saudades tuas que ás vezes choro antes de adormecer. E penso na tua voz, na tua mão entrelaçada na minha, na maneira como me defendias, como tentavas abrir-me os olhos.. Penso nas gargalhadas, nas aventuras, nos segredos, nas musicas que te cantava, nos filmes que viamos, nas histórias de livros que eu mal ia, ia contar-te o que tinha achado. E sinto o coração apertado, esmagado, ferido, pequeno.. e sabes porquê ? Porque sei que estás coisas não voltam. Que tu não voltas. Que a pessoa que eras para mim não volta. Que o que eu tinha guardado para te dar, já não há-de ser para ti.. mas pior do que isto, o meu coração está despedaçado porque antigamente eu punha as minhas mãos no fogo por ti, e mais uma vez, quem saiu queimada fui eu.