Mesmo que não sejamos demasiado pegados às pessoas, ninguém gosta de saber que alguém morreu. Mesmo quando se trata de uma vizinha, que foi o que me aconteceu hoje.Ninguem gosta de saber que alguem tinha cancro, que sofreu mais nos ultimos dias de vida, do que em toda a sua caminhada. E é tudo tão rápido. Acaba tudo tão depressa, quando menos esperamos. È quase como olhar para o lado, sorrir para a pessoa que sorri para nós, voltar a cabeça por breves instantes e quando voltamos a olhar ela já não está lá.
E eu chorei. Porque sei o que é a dor de perder alguém que amamos. Sei o que é saber que nunca mais vamos ver essa pessoa. É a despedida. É o fim. É um Adeus. E nem eu, nem ninguem, foi feito para despedidas. Ninguem gosta de se despedir. Só que é nestas alturas que eu fico mais pensativa, que momentos, pessoas, situações, decisões não param de me bombardear os pensamentos. É que eu tenho medo que a vida seja curta demais, e eu não quero, mas não quero mesmo deixar nada por dizer.
Quando o meu avô morreu, eu estava um bocado anti-pessoas, e cheguei mesmo a responder mal a quem se tentava aproximar de mim, porque queria estar sozinha, queria viver a minha dor em paz. Mas houve uma pessoa que se chegou perto de mim, pôs-me a mão no ombro, olhou-me nos olhos e disse '' Jéssica, o teu avô vai finalmente poder descansar. Finalmente ele vai poder descansar..'' Naquela altura estas palavras foram as unicas que me conseguiram acalmar, e agora é isto que vou pensando. Há uma altura que as pessoas têm de parar de sofrer, e nós temos de parar de ser egoístas e querer que elas fiquem connosco para sempre... porque quando o sofrimento se começa a tornar maior que tudo o resto, chega a altura de descansar. E é isto, a vida é feita de alturas.. pena que as vezes tragam tanta dor.
Descansa em paz *

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