Eu não sei se ei de começar esta carta por vos agradecer, ou por vos pedir que não me assaltem a cabeça tantas vezes. Sinceramente não sei. Mas talvez deva fazer as duas coisas.
Talvez vos deva agradecer por me trazerem ao pensamento coisas tão boas que já vivi, porque vocês recordam-me de tantos momentos que me souberam bem, que é como se os vivesse outra vez. Deito-me, fecho os olhos, relaxo, e vocês aparecem e trazem-me sabores, cheiros, alturas que eu nunca quero que me falhem da memória, nem mesmo quando estou a dormir. Também me fazem mal. Em todas aquelas vezes que apareceram enquanto eu estava acordada, sabem? E me fizeram imaginar situações que na realidade eu sabia que não passavam disso mesmo, sonhos. E apareciam constantemente, e faziam-me criar expectativas que depois foram todas por água abaixo. Eu preferia mesmo que não me tivessem feito isso.
Eu preferia que vocês, quando eu começo a sentir alguma coisa com por alguém, não trouxessem essa pessoa constantemente para a minha cabeça. Mas a verdade é que fazem isto. E a verdade também é que a ultima pessoa que me deram a conhecer melhor, está comigo na minha realidade. Todos os dias, em carne e osso. E sinceramente, eu prefiro assim.
Vocês nunca me chegam, nunca me matam a sede, nunca me satisfazem.. porque não há sonho nenhum, que compense a realidade do que vivo. E eu gosto de andar sempre com os pés bem assentes na terra. '' E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver.'' Esta frase não é o meu lema, mas já que é inevitável que vocês aparecam todas as noites, eu só posso dizer antes, que para quem vive em função de lutar para tornar os seus sonhos realidade, é muito mais fácil viver.
E só posso acrescentar que esta é a minha luta diária.
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