O amor
É uma luz que dá na cor
É uma cor que dá na vida
O amor
É uma luz que dá na cor
Mas é uma batalha perdida
Que se trava com ardor
É uma cor que dá na vida
O amor
Dor que desatina sem doer
Se devagar se vai ao longe
Devagar te quero perto
Mesmo que o que arde nunca cure
Vou beijar-te a sol aberto
É já dos livros que o instante
Se parece tanto com a eternidade
E que o amor , na verdade
So se cansa de ti
Se de ti mesmo te cansas
Suspiros densos afagares
Liberto de definições
O amor define os seus lugares
Ilhas desertas até ver
Ver o sol , a chuva
O arco do corpo
Arco-iris, corpo a corpo
Cara a cara, cor a cor
Incandescendo o olhar
( pousa agora, borboleta, na pena deste poeta)
É uma cor que dá na vida
O amor...
E ao por o dedo nas feridas
Que supúnhamos curadas
Provas de fogo atravessamos
No mar alto festejadas
Não se controla o inesperado
Nem se diz o indizível do amor
Uma cor que fugiu
De um pano leve
E pairou serena e breve
No ar
(pousa agora, borboleta, na pena deste poeta)
É uma cor que dá na vida
O amor...
Sérgio Godinho.
Sem comentários:
Enviar um comentário